Vale tudo para ver o Papa Francisco




































Faltando pouco mais de um mês, deputados e senadores se organizam para participar de solenidades e encontros com o papa Francisco em sua viagem ao Brasil, por conta da realização da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. O evento está programado para 23 a 29 de julho e parlamentares estão pedindo até audiências reservadas à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Os motivos passam tanto por conversas sobre a interferência de entidades católicas em determinados temas da vida nacional, caso da política indigenista, como também por assuntos de repercussão entre os devotos, como a revisão do processo que resultou na expulsão do Padre Cícero Romão Batista, do Ceará, pela Igreja Católica em 1916.

Comissão a postos
No Senado, já foi formada uma comissão para representar a Casa nas solenidades de recepção ao papa. Fazem parte o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), e os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Paulo Paim (PT-RS), Vital do Rego (PMDB-PB), Francisco Dornelles (PP-RJ), Lindbergh Farias (PT-RJ), Ruben Figueiró (PSDB-MS), Cícero Lucena (PSDB-PB) e Inácio Arruda (PC do B -CE).

Na Câmara dos Deputados, o presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ficou de designar os deputados que  integrarão grupo semelhante nas próximas semanas, em atendimento a pedido formalizado pelo deputado Júlio Campos (DEM-MT). “É importante para a Câmara participar do encontro, que reunirá milhões de jovens e representa o testemunho deles de uma igreja viva e em constante renovação”, afirmou Júlio Campos. Mas as audiências  agendadas visam um pouco mais que isso.

Uma delas, solicitada pelo líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE) – que para ratificar seu pedido solicitou, inclusive, o apoio da Presidência da República –, visa discutir com o Papa a revisão de processo instaurado há sete anos pelo Vaticano sobre o Padre Cícero.

Tido como santo popular entre os brasileiros, o religioso, do município cearense de Juazeiro do Norte, foi excomungado mediante acusação de desobediência e heresia depois que uma beata declarou ter recebido por ele, durante missa, uma hóstia que se transformou em sangue.

Queixa contra papel do Cimi sobre terras
Um pedido especial de audiência partiu dos membros da Frente Parlamentar da Agropecuária. Quer falar sobre a atuação do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no País. Não está confirmado: o assunto pode ser considerado “ácido” demais para ser tratado com o Papa comentou um integrante do grupo.

Mas a irritação dos deputados e senadores da Frente com o Cimi, que é vinculado à CNBB, se deu por terem considerado que a entidade incentiva conflitos no campo, ao defender a ocupação de determinadas áreas consideradas reservas indígenas sem qualquer critério técnico que se justifique.

O ponto culminante dessa crítica, que vem de anos, foi observada duas semanas atrás, com a invasão de uma propriedade no Mato Grosso e a morte de dois índios no local – gerando uma crise que resultou, inclusive, na mudança da presidência da Funai.

Religiosidade
O entusiasmo de deputados e senadores que cultuam religiosidade fervorosa, entretanto, contribui para desmistificar esse sentimento, como é o caso do senador Pedro Simon. Muito religioso e conhecido pela sua fé, Simon disse acreditar que o para Francisco  pode vir a se firmar como um novo líder mundial.

“Minha intuição diz que pode nascer algo a partir de uma grande idéia, que começa no Rio de Janeiro, a ser aceita pelo mundo. O Papa Francisco pode iniciar uma movimentação, não no sentido apenas de aumentar o número de cristãos ou e se preocupar com a redução do catolicismo, mas por se firmar como algo mais expressivo entre a população”, afirma o senador.