Nossa Senhora Aparecida nossa Mãe da Esperança




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Desde 1717, quando uma imagem de Nossa Senhora da Conceição foi encontrada no rio Paraíba, o povo brasileiro, o Povo de Deus, tem recorrido à intercessão da Virgem Santa Maria utilizando o título de Nossa Senhora Aparecida e aprendido com o zelo da fé que a nossa Padroeira é a Mãe da esperança que nos ensina a fazer da nossa existência cotidiana um dom a Deus Pai, na intimidade com o Cristo, na docilidade ao Espírito Santo e no serviço ao próximo.  
          
Logo após a pesca da imagem quebrada de Nossa Senhora Aparecida - primeiro o corpo, depois a cabeça - o povo negro, que era escravizado em nosso país, vislumbrou na imagem negra da Virgem um luminoso sinal de Deus que, de alguma forma, evidenciava que as virtudes da fé, da esperança e da caridade devem guiar-nos no nosso caminho. Em pouco tempo, os negros que estavam quebrados, dobrados e oprimidos pelo peso da escravidão perceberam, em meio ao suor que escorria de seus rostos, que a imagem da Virgem negra não estava mais quebrada, pois havia sido restaurada, recuperada, reintegrada, tendo readquirido assim a sua beleza. Como não perceber nos traços recompostos da imagem a possibilidade de novos dias? Como não se reconhecer nos detalhes e nos cuidados da restauração? Restauração era o ideal almejado pelo povo negro: restauração dos direitos humanos, restauração da liberdade e restauração da confiança em Deus. Crer em Deus, acreditar que Ele não se esquece de nós, mesmo em meio a tantos sinais de desesperança, fez uma imensa diferença na vida do povo negro, pobre e humilde, pois, do fundo do rio Paraíba, uma simples imagem de terracota, de argila modelada, de apenas 40 centímetros de altura, havia sido reencontrada e, desde então, nos corações do povo negro reacendeu-se o sonho de ser tratado com dignidade.   
          
Em 1888, na segunda metade do século XIX, após dobrarem os seus joelhos diante de Deus e recorrerem à intercessão de Maria, alimentados pelo sólido ideal da esperança, os negros brasileiros comemoraram a abolição da escravatura em nosso país. Mas, em pouquíssimo tempo, perceberam que as dificuldades não desapareceriam totalmente, pois o acesso à moradia, ao emprego e à educação continuariam sendo ideais a serem alcançados. Na busca desses ideais, na construção de melhores dias, a oração do terço e os pedidos de auxílio da Mãe Aparecida readquiriram mais espaço nos corações do povo simples e humilde que, em meio aos contratempos, aprendeu que o devoto mariano sabe e professa que, sem a presença de Jesus Cristo em nossas vidas e em nossas comunidades, não há esperança, não há caridade, não há paz, não há possibilidade de futuro. 
          
Nesses quase trezentos anos do evento histórico de Aparecida, com o olhar fixo em Cristo, os devotos de Nossa Senhora Aparecida continuam sendo surpreendidos por Deus e Sua misericórdia e, por isso, o Santuário Nacional de Aparecida continua sendo a casa da Mãe da esperança que recebe todos os dias milhares de peregrinos que para lá se dirigem, suplicando por curas, milagres, emprego, moradia e conversões. Hoje, o que podemos pedir a Deus por intermédio de Sua Mãe? Certamente, tudo aquilo que é necessário para a nossa perseverança na justiça, ou seja, apreço pelos sacramentos, renovada vivência da fé e das bem-aventuranças e fortaleza no aprendizado da santidade.   
          
A mística que aninha essa devoção a Nossa Senhora Aparecida é parte integrante da fé do povo brasileiro, é sinal da presença da Mãe junto aos filhos, é expressão do sacrifício de tantos romeiros que partem, pelo menos uma vez ao ano, de suas cidades e Estados, de ônibus comum e com pouco dinheiro no bolso para o Santuário de Aparecida, para lá adorar o Senhor, glorificar o Seu amor e agradecer pelo carinho e mediação da Virgem Mãe. Ser brasileiro é também ser um romeiro de Aparecida, é ser portador da alegria que extravaza o coração e professa: Estou precisando ir à casa de minha Mãe, preciso ser novamente sensibilizado pela sua humildade, preciso ser renovado no exercício da plena identificação com o Cristo. Quem melhor do que Maria pode ser para nós, brasileiros, modelo de generosidade e de esperança?
          
O Santuário de Aparecida é um ponto de chegada: chegada dos discípulos de Jesus, chegada de devotos marianos que cantam belos hinos dedicados à Virgem Mãe e nos encantam. O Santuário de Aparecida é principalmente um singular ponto de partida: ponto de partida dos missionários que irão continuar zelando pelos exercícios da piedade mariana; ponto de partida dos fiéis que revigoram suas baterias para continuar servindo à Igreja, participando da difusão da lógica e do estilo da caridade autêntica. Por ser um belo ponto de partida, todas as vezes que nós deixamos o Santuário de Aparecida e voltamos para nossas casas, acompanha-nos a certeza de que o nosso Redentor e Sua Mãe permanecerão sempre conosco no cotidiano de nossas vidas, até o término da nossa história, fortalecendo a graça divina em nossas almas. 
          
Por ser a Mãe da esperança, Nossa Senhora da Conceição Aparecida é a estrela da esperança que nos conduz pelos caminhos da humildade e da caridade, em direção ao Porto seguro que é Cristo. Ela, a Virgem fiel, nos ensina a seguir o seu Filho com renovada convicção e com a santa ousadia da fé. Que Ela continue nos auxiliando na correspondência ao amor de Cristo e nos inspirando na construção de um Brasil mais solidário, humano e cristão. Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Mãe da esperança, rogai por nós que recorremos a vós! 
 
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