Após
a celebração da Missa de Páscoa, Papa Francisco assomou ao balcão
central da Basílica de São Pedro para conceder a tradicional Benção Urbi et Orbi (para a cidade e o mundo), a Indulgência Plenária e os augurios de Boa Páscoa.
Antes da leitura da mensagem e após
conceder a Indulgência, as bandas da Guarda Suiça e das Armas italianas
executaram trechos dos hinos Pontifício e da Itália.
Na mensagem Urbi et Orbi, o Santo
Padre falou sobre como Jesus e sua misericórdia são a resposta a tantos
desertos atravessados pelo homem hoje, apelou pela paz em todo o mundo,
especialmente naquelas regiões palco de conflitos e nos convidou a
sermos guardiões da criação.
Eis na íntegra a mensagem:
“Amados irmãos e irmãs de Roma e do mundo inteiro, boa Páscoa!
Que grande alegria é para mim poder
dar-vos este anúncio: Cristo ressuscitou! Queria que chegasse a cada
casa, a cada família e, especialmente onde há mais sofrimento, aos
hospitais, às prisões... Sobretudo queria que chegasse a todos os
corações, porque é lá que Deus quer semear esta Boa Nova: Jesus
ressuscitou, uma esperança despertou para ti, já não estás sob o domínio
do pecado, do mal! Venceu o amor, venceu a misericórdia!
Também nós, como as mulheres discípulas
de Jesus que foram ao sepulcro e o encontraram vazio, nos podemos
interrogar que sentido tenha este acontecimento (cf. Lc 24, 4).
Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de
Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de
Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de
deserto que ainda existem no nosso coração.
Este mesmo amor pelo qual o Filho de
Deus Se fez homem e prosseguiu até ao extremo no caminho da humildade e
do dom de Si mesmo, até a morada dos mortos, ao abismo da separação de
Deus, este mesmo amor misericordioso inundou de luz o corpo morto de
Jesus e transfigurou-o, o fez passar à vida eterna. Jesus não voltou à
vida que tinha antes, à vida terrena, mas entrou na vida gloriosa de
Deus e o fez com a nossa humanidade, abrindo-nos um futuro de esperança.
Eis o que é a Páscoa: é o êxodo, a passagem do homem da escravidão do
pecado, do mal, à liberdade do amor, do bem. Porque Deus é vida, somente
vida, e a sua glória é o homem vivo (cf. Ireneu, Adversus haereses, 4, 20, 5-7).
Amados irmãos e irmãs, Cristo morreu e
ressuscitou de uma vez para sempre e para todos, mas a força da
Ressurreição, esta passagem da escravidão do mal à liberdade do bem,
deve realizar-se em todos os tempos, nos espaços concretos da nossa
existência, na nossa vida de cada dia. Quantos desertos tem o ser humano
de atravessar ainda hoje! Sobretudo o deserto que existe dentro dele,
quando falta o amor a Deus e ao próximo, quando falta a consciência de
ser guardião de tudo o que o Criador nos deu e continua a dar. Mas a
misericórdia de Deus pode fazer florir mesmo a terra mais árida, pode
devolver a vida aos ossos ressequidos (cf. Ez 37, 1-14).
Eis, portanto, o convite que dirijo a
todos: acolhamos a graça da Ressurreição de Cristo! Deixemo-nos renovar
pela misericórdia de Deus, deixemo-nos amar por Jesus, deixemos que a
força do seu amor transforme também a nossa vida, tornando-nos
instrumentos desta misericórdia, canais através dos quais Deus possa
irrigar a terra, guardar a criação inteira e fazer florir a justiça e a
paz.E assim, a Jesus ressuscitado que transforma a morte em vida,
peçamos para mudar o ódio em amor, a vingança em perdão, a guerra em
paz. Sim, Cristo é a nossa paz e, por seu intermédio, imploramos a paz
para o mundo inteiro.
Paz para o Oriente Médio, especialmente
entre israelitas e palestinos, que sentem dificuldade em encontrar a
estrada da concórdia, a fim de que retomem, com coragem e
disponibilidade, as negociações para pôr termo a um conflito que já dura
há demasiado tempo. Paz no Iraque, para que cesse definitivamente toda a
violência, e sobretudo para a amada Síria, para a sua população vítima
do conflito e para os numerosos refugiados, que esperam ajuda e
conforto. Já foi derramado tanto sangue… Quantos sofrimentos deverão
ainda atravessar antes de se conseguir encontrar uma solução política
para a crise?
Paz para a África, cenário ainda de
sangrentos conflitos: no Mali, para que reencontre unidade e
estabilidade; e na Nigéria, onde infelizmente não cessam os atentados,
que ameaçam gravemente a vida de tantos inocentes, e onde não poucas
pessoas, incluindo crianças, são mantidas como reféns por grupos
terroristas. Paz no leste da República Democrática do Congo e na
República Centro-Africana, onde muitos se vêem forçados a deixar as suas
casas e vivem ainda no medo.
Paz para a Ásia, sobretudo na península
coreana, para que sejam superadas as divergências e amadureça um
renovado espírito de reconciliação.
Paz para o mundo inteiro, ainda tão
dividido pela ganância de quem procura lucros fáceis, ferido pelo
egoísmo que ameaça a vida humana e a família – um egoísmo que faz
continuar o tráfico de pessoas, a escravatura mais extensa neste século
vinte e um. Paz para todo o mundo dilacerado pela violência ligada ao
narcotráfico e por uma iníqua exploração dos recursos naturais. Paz para
esta nossa Terra! Jesus ressuscitado leve conforto a quem é vítima das
calamidades naturais e nos torne guardiões responsáveis da criação.
Amados irmãos e irmãs, originários de
Roma ou de qualquer parte do mundo, a todos vós que me ouvis, dirijo
este convite do Salmo 117: «Dai graças ao Senhor, porque Ele é bom,
porque é eterno o seu amor. Diga a casa de Israel: É eterno o seu amor»
(vv. 1-2)”.
Antes da leitura da mensagem e após
conceder a Indulgência, as bandas da Guarda Suiça e das Armas italianas
executaram trechos dos hinos Pontifício e da Itália.
Ao final, o Papa Francisco saudou em
italiano a todos os presentes e a quantos acompanhavam a cerimônia
através dos meios de comunicação, desejando que levassem as suas
familias e aos países de origem “a mensagem de alegria, de esperanza e
de paz, que a cada ano se renova com força. O Senhor resucitado,
vencedor do pecado e da morte, seja o sustento a todos, especialmente os
mais fracos e necesitados.”
O Santo Padre também agradeceu aos
produtores dos Países Baixos que doaram as ‘belíssimas flores’ que
ornamentaram a Praça São Pedro e o altar.
“A todos repito com afeto – disse –
Cristo resucitado guie a todos vocês e toda a humanidade no caminho da
justiça, do amor e da paz”, concluiu.
Ao final da cerimônia, os sinos da
Basílica de São Pedro repicaram efusivamente, em manifestação pela
alegria do Senhor ressuscitado.